T.C. Electronics Flashback x4 Delay
26 de setembro de 2012Resultado da Promoção!
30 de setembro de 2012Entrevista: GF Guitar Pedals!
É muito bom ver que o mercado brasileiro de pedais de boutique vem crescendo. Em alguns casos, ainda de forma amadora e insustentável. Em outros, onde o profissionalismo parece comandar, o sucesso é questão de tempo. Gostaria de enquadrar a GF Pedals na segunda turma. Realizando um trabalho sério e com produtos bem bacanas(e com bons preços! Sim, isso é possível!), a GF tem tudo para ser um nome de peso no nosso mercado. Confira o papo que tivemos com o criador da marca e tire as suas conclusões!
Pedais & Efeitos: Bruno, como surgiu o seu interesse por pedais?
Bruno: Bom, eu precisava ter um drive analógico e a grana tava curta então resolvi fazer um, simples assim! Sempre tive interesse por circuitos eletrônicos e naquele momento tive paciência suficiente para aprender como fazer um, além de acesso a informação gratuita e em abundância presente na internet hoje em dia. Como a maioria dos iniciantes de guitarra meu primeiro pedal foi um multi-efeitos digital, até que um dia a necessidade de um pedal analógico apareceu.
Pedais & Efeitos: E a idéia de começar a fabricá-los e vendê-los como GF?
Bruno: A idéia surgiu quando alguns amigos tiveram interesse em comprar um pedal que eu havia montado. Acho que é um caminho meio natural, vc faz algo outra pessoa nota, se interessa e daí a coisa começa a fluir. Só resolvi entrar nisso porque eu realmente gosto de circuitos e componentes eletrônicos, mas tive que vencer alguns obstáculos pois não tinha dinheiro para investir. A solução foi fazer tudo sozinho, o que de certa forma têm sido bem interesssante pois venho aprendendo muito. Por exemplo, recentemente encomendei embalagens personalizadas e antes de fechar o pedido pesquisei durante meses os tipos de embalagens e acabamentos oferecidos pelo mercado até encontrar algo que fosse compatível com meu orçamento.
Pedais & Efeitos: Quais pedais você tem na sua linha de produtos? Pode falar a respeito de cada um deles?
Bruno: No momento tenho uma linha com 4 pedais, sendo dois drives, um phaser e um delay. Todos os pedais funcionam com fonte regulada ou bateria (9 volts), são true-bypass, utilizam potenciômetros e footswitches ALPHA, jacks NEUTRIK, placa de circuito impresso industrializada em fibra de vidro, resistores tipo metal-film 1%, capacitores tipo metal-film 5%, montados em caixa de alumínio (Hammond e 4S).
– OVERDRIVE 808 BOOSTED: Como sempre digo, sem meias palavras, é um TS808 (Tube Screamer) modificado. Existe uma tonelada de drives no mercado que até ganharam a classifição “TS-like” (Tipo TS). Então, esse é um drive “TS-like” com uma chave que ao ser acionada modifica a resposta na frequência de corte do estágio de clipagem aumentando assim o nível de graves e também o nível de drive máximo. Por isso o nome “Boosted” (turbinado/envenenado). Quando a chave não estiver acionada o circuito se comporta como o TS808, porém a clipagem é do tipo assimétrica, diferente do TS808 que usa clipagem simétrica.
– PHASER: Esse é um phaser de 4 estágios baseado na versão script do Phase 90 da MXR, o qual utiliza os transistores FET 2N5952. Além do controle de velocidade (SPEED) foi incluído um controle de profundidade da modulação (DEPTH), uma chave botão (VIB) para acionar o modo “vibrato” que, como o próprio nome diz, faz com que o pedal funcione como um efeito de vibrato, e outra chave botão (REGEN) que aciona o modo “regeneração” ou “realimentação”. Em resumo esse modo cria um looping entre a saída e a entrada dos estágios de phasing fazendo com que o sinal já modulado seja redirecionado ao início para ser novamente defasado, adicionando um brilho “metálico” ao som. O terceiro knob é o REGENERATION LEVEL (R.LEVEL) e controla o nível de sinal que é realimentado. Além disso o pedal conta com um trimpot de ajuste interno do ganho na saída do efeito, para aqueles que sintam tal necessidade.
– ANALOG DELAY 2: Delay totalmente analógico, utilizando tecnologia BBD (Bucket Brigade Delay), alcançando o intervalo máximo de 1,4 segundos e mínimo de 25 milissegundos. Tem ainda um controle de tonalidade que atua nas repetições além de duas seleções de tempo independentes, selecionáveis através de um segundo footswitch. Falo mais sobre ele na próxima pergunta.
– OVERDRIVE: Drive com clipagem assimétrica, baseado em uma das versões do antigo OD1 da Boss que foi comercializado nos anos 80. Na verdade a única diferença seria no tipo chaveamento, que é true-bypass (a BOSS utiliza bypass eletrônico), pois o circuito por onde passa o sinal de áúdio é igual ao OD1. Não fiz alterações nesse circuito pois gosto muito dele do jeito que é, porém num futuro próximo é muito provável que eu altere alguma coisa.
Pedais & Efeitos: Existe toda uma polêmica entre usuários de pedais sobre pedais de Delay Analógico. Alguns pedais usam o nome analógico mas apenas simulam, sendo digitais. O que torna um Delay realmente analógico? E podes falar um pouco mais sobre o Analog Delay da GF?
Bruno: Aqui vêm um desabafo… essa polêmica, a meu ver, bate de frente com a questão da ética! Não vejo a coisa de outra forma. Se o camarada anuncia um determinado produto informando ser algo que não é então ele está mentindo, e ponto. O problema começa justamente no que vc descreveu, Leo. Os primeiros a tomarem atitudes desse tipo estão mentindo na cara dura, com o passar do tempo a coisa vira uma prática comum e o consumidor passa a aceitar. Daí vão aparecer slogans variados, do tipo “não é refrigerante e sim àgua levemente gaseificada”, e várias pessoas tentando defender tal prática de enganar o consumidor com argumentos de dar inveja a muitos políticos.
Bom, voltando… o delay digital trabalha o sinal de áudio convertendo-o em bits (dígitos binários: 0 e 1). Depois ocorre o processamento destes dados e logo em seguida reconverte o sinal para analógico. ADC (analog digital converter), DAC (digital analog converter). Já o delay analógico não usa nenhum tipo de processamento digital, ou seja, o sinal não é convertido em bits em nenhum momento. Ele utiliza uma tecnologia chamada “Bucket Brigade Delay” (BBD). Em resumo o sinal entra por uma longa cadeia de capacitores e transistores intercalados, chamados estágios. Cada transistor atua como um portão, fechando ou abrindo a passagem. O sinal é armazenado em um capacitor até que o transistor à sua frente abra a passagem até o próximo capacitor, e assim em diante. Teoricamente quanto maior o número de estágios e/ou o tempo que o sinal permanece na cadeia mais longo será o intervalo de atraso, mas cada capacitor “vaza” um pouco do sinal resultando na “degradação” característica dos delays analógicos. Caso o intervalo seja muito alto a degradação será exagerada. Ajustando o circuito consegui chegar a um intervalo longo o bastante sem peder demais a clareza do som, porém isso acabou resultando num som com brilho excessivo em intervalos mais curtos. A solução foi incluir um controle de tonalidade para compensar. Até onde eu sei o GF ANALOG DELAY 2 é o único delay verdadeiramente analógico sendo produzido hoje no mundo com um intervalo tão longo, 1400 ms (1,4 segundos). Com muita paciência, muitos testes e ajustes consegui chegar a um resultado sonoro que me agradou muito, com uma degradação orgânica e transparente nas repetições. Detalhe: O nome “Bucket Brigade” vêm da analogia com uma brigada de incêndio que utiliza baldes de água para combater o fogo. Cada homem passa um balde cheio de água para o próximo da fila mas a cada vez que um balde é passado para frente o movimento faz com que um pouco da água contida nele se perde pelo chão.
Pedais & Efeitos: Quanto tempo leva o processo do início do Desenvolvimento até o lançamento de um novo pedal?
Bruno: Na verdade não existe um tempo definido nesse processo. Por exemplo, desde o momento que vislumbrei o Analog Delay 2 até o momento que montei o primeiro protótipo foram quase 4 anos. Já no caso do Overdrive foi questão de dias, pois por se tratar de um clone foi apenas o tempo de desenhar o circuito. O 808 Boosted e o Phaser foram evoluindo com o tempo. Venho testando outros projetos mas como trabalho sozinho acabo deixando de lado para poder montar os pedidos. Hoje em dia o processo começa com pesquisa e alguns testes iniciais. Logo após vem o primeiro protótipo montado, que inevitavelmente acaba virando um “Frankenstein”. Em seguida o segundo protótipo ja montado numa placa industrializada para se ter certeza que tudo irá se encaixar e funcionar da maneira devida. Só então os primeiros destinados a venda são montados. De qualquer maneira acabo levando muito mais tempo do que eu gostaria pois como trabalho sozinho acabo fazendo outras partes do trabalho, como pesquisa de fornecedores, compra de peças, desenvolvimento do website, responder emails, ir até a agência dos correios enviar os pedais, etc. Uma maratona! rs… 🙂
Pedais & Efeitos: É sabida toda a dificuldade que os fabricantes brasileiros tem para fabricar seus pedais devido a escassez de peças e bons fornecedores no mercado local. E agora temos a “maravilhosa” maré vermelha para atrapalhar ainda mais. Como você tem se saído no meio disso tudo?
Bruno: No meu caso em particular já era complicado antes dessa operação “pente-fino” (maré vermelha) da receita federal pois dependo de importações dos Estados Unidos e Europa que já levavam um tempo considerável para chegar. Agora esse tempo aumentou, e muito! O pior é que procuro fazer minhas encomendas de modo que fiquem no limite permitido pela lei para que eu não precise pagar os impostos de importação, mantendo assim o meu preço de venda. Dessa forma tenho que comprar poucas peças por vez, o suficiente para montar meia-dúzia de pedais. Prefiro ficar tranquilo e andar dentro da lei até ter capital suficiente para fazer compras maiores e arcar com os impostos.
Pedais & Efeitos: Você tem os pedais a pronta-entrega ou eles tem que ser encomendados? Qual é o prazo de entrega?
Bruno: Venho me organizando para conseguir ter os pedais em estoque, mas têm sido uma dura tarefa! No momento tenho algumas encomendas na fila justamente por conta da tal “maré”. Impossível saber quando receberei as peças. Em um cenário normalizado, caso eu não tenha o pedal em estoque, o prazo montagem é de 15 dias. Assim que o pedal fica pronto entro em contato com a pessoa e se ainda houver o interesse o pedal será enviado assim que o pagto for confirmado. Não recebo nenhum valor adiantado caso não tenha o pedal montado e testado pronto para o envio.
Pedais & Efeitos: Na sua opinião, qual o principal diferencial que a GF Pedals oferece?
Bruno: Principalmente preço, qualidade e atendimento! Ainda não tenho variedade nem customização, mas pretendo chegar lá. O preço que eu pratico comparado com a qualidade que eu ofereço é algo incomum no mercado. Prefiro usar peças de qualidade e conquistar a confiança do consumidor ao invés de apenas aumentar meu lucro usando peças de baixa qualidade. Fiz o caminho inverso, comecei usando peças mais baratas e passei a usar outras de mais qualidade. E continuo pesquisando para o caso de conseguir usar outras que por ventura sejam melhores ainda. Também sou meio paranóico com relação a organização então procuro fazer tudo muito bem feito, tanto por fora quanto por dentro dos pedais. Além disso tento oferecer o melhor atendimento que eu consigo. Acredite ou não eu já aconselhei um cara que estava em dúvida a não comprar um pedal meu, pois naquela circunstância, e na minha opinião, era o melhor para ele. Coisa de louco? Pode até ser, mas apesar de confiar muito no meu produto não quero forçar nenhuma venda, prefiro que a pessoa fique satisfeita quando comprar um pedal meu.
Pedais & Efeitos: Qual o pedal da GF mais requisitado pelos clientes?
Bruno: O 808 Boosted sempre foi o mais procurado, talvez seja natural que guitarristas procurem mais por pedais de drive, mas o Phaser têm saído bastante também.
Pedais & Efeitos: E quais são os projetos futuros da GF Pedals? Pode nos adiantar alguma coisa, alguma notícia exclusiva(rs)?
Bruno: Em pouquíssimo tempo será lançado o GF Tremolo, um tremolo óptico com controle de simetria da ondulação além de seleção entre ondulação triangular e quadrada. Agora a exclusiva é que em breve saíra uma versão pocket do delay, com intervalo máximo de 700 milisegundos, também totalmente analógico!
Pedais & Efeitos: Bruno, obrigado pela entrevista! Quer deixar algum recado pra os nossos leitores?
Bruno: Agradeço imensamente o interesse e também o espaço para que eu pudesse falar um pouco sobre o meu trabalho. Estou à disposição através do email, gfpedals@gmail.com, para qualquer dúvida a respeito dos pedais. Um abraço a você, Leo, e aos seus leitores!
3 Comments
Legal ver um fabricante brasileiro com esse nível de acabamento! Certamente vou encomendar um pedal com ele!
Parabéns a vocês por mais uma boa entrevista!
Concordo com o amigo que comentou antes de mim…Sou cliente e amigo do Bruno e tenho todos os pedais da linha…são excelentes!!!quem se interessar pode comprar sem medo nenhum…Os pedais são feitos um a um e com a maior atenção aos detalhes….satisfação garantida!!
Sou fã desse cara tem algum tempo! Os pedais dele são lindos, muito bem feitos e organizados internamente, além do som espetacular! Ele sim é um Handmaker, e acredito que ao lado do Tom da Tom Tone, um dos únicos com capacidade de entrar no páreo com os gringos.