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Na Prática: Paulo Grua!

 

 

Pedais & Efeitos: Para quem não te conhece, quem é Paulo Grua?

Paulo Grua: Um grande guitarrista. Tenho 1,98m de altura. Totalmente viciado em música. Guitarrista, produtor, e designer gráfico nas horas vagas.

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Pedais & Efeitos: Como surgiu seu interesse por música?

Paulo Grua: Segundo meus pais, tem a história de eu ter montado uma bateria com as panelas da minha mãe quando mal sabia andar. Já mais velho, lembro bem de meus pais escutando vários álbuns no toca-discos da sala; ia de Josué Rodrigues a Dire Straits, de Vivaldi a Supertramp. Um pouco mais a frente, havia os momentos de louvor na igreja. Desde pequeno sentia forte ligação com o momento musical dentro do culto, e isso me marcou profundamente. Música, definitivamente, é muito mais que simplesmente as notas que tocamos.

Pedais & Efeitos: Você está divulgando o disco do seu Trio Instrumental, Zoe, que está disponível gratuitamente para download na internet. Como foi o processo de gravação? O que você utilizou de equipamentos?

Paulo Grua: O Zoe é a realização de um sonho. Depois de anos tocando a música dos outros, a vontade de registrar minhas próprias idéias, totalmente fora do padrão do mercado em que estava envolvido, era grande demais.
Alguns dos meus discos favoritos foram gravados totalmente ao vivo, no estúdio, como Kind of Blue, do Miles, e o disco homônimo do Satriani. Não tive dúvidas: marquei dez horas num estúdio, colocamos todos, inclusive os amps e a batera, numa só sala, e gravamos dois ou três takes de cada música.
554679_4593073665242_1576681949_nA pós-produção, com o auxílio vital do grande engenheiro, produtor e guitarrista Daniel Cheese, é que envolveu alguns truques para alcançarmos um timbre diferenciado, como pans em momentos específicos, filtros estranhos na bateria, etc. Mas tudo de forma sutil, pra não perder o caráter orgânico, que era o que eu mais prezava.

Quanto a equipamento de guitarra, o disco quase todo foi gravado com minha Tele AVRI ’62, que havia comprado um mês antes das gravações. Minha antiga guitarra, uma Epiphone com um único P-90 na ponte, foi usada em Mamute e nas duas vinhetas de guitarra solo.
Pedais usados foram um treble booster da Mg Music, um clone do famigerado Klon, um Fuzz Factory em Mamute e em um trecho de Mafagafos, e 3 delays: um DD-6, exclusivo pro reverse delay, um Dm-2 pra ambiências leves, e um That’s Echo Folks pra delays mais longos.
Os amps, que considero mais importantes que qualquer pedal, foram um Marshall Superbass com 6L6, e um Orange Tiny Terror, ligados o tempo todo. Na mix, decidimos qual se destacaria, e em que pontos. Os mics foram os tradicionais Sm57, sempre no meio entre a borda e o cone do falante. No solo de Speechless, usei um Mesa Boogie Dc-2, amp que comprei após a gravação, e foi o único solo em overdub do disco.

Pedais & Efeitos: Você pode nos falar um pouco sobre o seu Setup? Existe diferença do seu setup de gravação e do que utiliza ao vivo?

Paulo Grua: Até você publicar essa entrevista, é capaz de eu ter mudado alguma coisa no set hehe. A guitarra continua a mesma, minha AVRI ’62 verde-cor-da-geladeira-da-vóvó com jogo misto .010 nos bordões e .011 nas primas. Em termos funcionais, faz bastante tempo que minha pedaleira é bem estável: fuzz+booster+drive+delay+tremolo. No momento, são um Z Vex Fuzz Factory, Lovepedal Amp50, Timmy, um Tu-2, um De-7 e um Tuna Melt. A parte da sujeira não pretendo mexer tão cedo, porque realmente estou feliz com o som que tenho tirado.
Tudo isso num board pequeno e prático, e uso tanto ao vivo quanto no estúdio. Quanto a amp, vendi meu Mesa pra terminar de pagar o disco (e o pessoal que só quer baixar tudo de graça acha que é barato gravar um disco hoje em dia). Estou a procura de um novo que seja pequeno e portátil, para poder levar nos shows do trio sem piorar minha escoliose. Certamente será algo com El84 e 1×12″ – Fender Pro Junior ou Vox Ac15.

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Pedais & Efeitos: Para você como funciona esse processo de busca pelo “timbre ideal”? Você já conseguiu encontrá-lo?

Paulo Grua: Funciona assim, buscando. Não tem muito segredo. O único pulo do gato, que gostaria que me tivessem contado quando comecei, é que o cerne de tudo é o casamento guitarra+amp. Quanto a efeitos, uso muito delay e overdrive, então, comprei e troquei muitos desses pedais até chegar naqueles que realmente curto, e cumprem sua função. O que nos leva à resposta da segunda parte da pergunta: você só encontra o timbre ideal para aquilo que você deseja tocar num determinado momento; ao surgir um novo rumo musical, seja projeto, banda ou gig, talvez tudo mude. De qualquer forma, estou na fase de testar amps e, pro som que quero agora, acho que falta pouco pra chegar nesse som. Creio que chegar no timbre ideal tem mais a ver com você ser capaz de decidir como quer soar do que com que pedal ficar.

Pedais & Efeitos: Qual o papel dos pedais e efeitos dentro da sua música?

Paulo Grua: Os efeitos servem pra delinear diferentes partes de uma música, e me inspiram a tocar coisas de modo diferente, me levando a soluções musicais variadas.

Pedais & Efeitos: Você sofre de GAS (Gear Acquisition Syndrome)?

Paulo Grua: Acho que não; menos por maturidade, e mais por falta de grana mesmo. Tenho a mania de gostar de coisas caras e raras. Sonho com um Superfuzz original igualzinho ao do Pete Townshend no Live at Leeds, um Klon dourado e um Voc Ac30 de ’60, um Roland Space Echo, coisas assim. Mas, como são sonhos tão loucos, nem me coçam tanto a mão. Até início desse ano, trocava de pedais de drive de dois e dois meses, mas desde que cheguei no meu combo atual de booster+drive, sosseguei.

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Pedais & Efeitos: Você só toca com o seu trio ou tem algum outro projeto musical?

Paulo Grua: O Zoe é meu projeto pessoal, mas também toco em estúdio, produzo bandas novas e tal. Agora, outro projeto que amo, e está prestes a entrar em estúdio, é uma banda onde o batera do trio, o Diego Marins, canta e toca violão, e compõe também. Um misto de folk gringo com música brasileira com indie e rock, que se chamava Interlúdio, mas deve mudar de nome agora.

Pedais & Efeitos: Qual o seu pedal favorito?

Paulo Grua: Depende muito do amp com que estou tocando. Pode ser o Timmy, que é o overdrive mais legal que achei pro meu som, porque tem o ponto certo de sujeira nas notas e definição nos acordes, já que gosto de tocar cheio de 282156_420734004640540_1176513828_nnotas soltas soando simultaneamente. E devo admitir, amo o De-7, da Ibanez, um dos melhores delays que já toquei, e muita gente não dá bola pra ele – provavelmente, porque é feio demais da conta.

Pedais & Efeitos: E qual será o seu próximo pedal?

Paulo Grua: Certamente um fuzz estilo Bender Mk I ou Mk III, e um delay mais complexo, com presets ou coisa parecida. Mas tem de ser pequeno, pois quero manter meu board leve e prático. Um Echopark? Um El Capistan?

Pedais & Efeitos: Paulo, obrigado pela entrevista! Quer deixar algum recado pra os nossos leitores?

Paulo Grua: Primeiro, obrigado a você pela oportunidade! Quanto ao recado, acho válido um conselho: nunca gaste mais tempo pesquisando sobre pedais e gear do que tocando.
Ah, e baixem o disco do Zoe agora: http://zoe3.bandcamp.com/ Assim você contribui para um mundo mais sustentável, ou coisa parecida.

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