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7 de março de 2016Entrevista: Gato Preto Classics

Entrevistamos a turma da Gato Preto Classics a 5 anos atrás. E não havíamos entrevistado nenhum fabricante uma segunda vez. Os motivos que nos levaram a procurar o fabricante para uma nova entrevista foi a nova campanha do fabricante. No mínimo audaciosa.
Para entender os motivos para campanha e os planos para o futuro, conversamos com o Gustavo Ziller, uma das mentes por trás da Gato Preto Classics!
Pedais & Efeitos: Ziller, obrigado por nos conceder essa entrevista. Há 5 anos atrás eu entrevistei o Marcão nesse mesmo espaço e um dos motes da GPC à época era “inclusão valvulada”. Olhando para trás, que leitura você faz dessa filosofia e dos resultados por ela proporcionados?
Ziller: bom, antes de mais nada quero dizer que ao longo desses 5 anos acertamos mais que erramos, isso nos deixa com um ótimo sentimento de ‘caminho certo’. A Gato Preto continua com a filosofia de ‘inclusão valvulada’ e cada vez mais segura da linha de produtos. Nunca pensamos em soltar produtos muito customizados (o que inviabiliza a produção) e nem muito linha de montagem (o que tira dos produtos o DNA da Gato), portanto nossa luta ao longo desse tempo foi equilibrar os dois lados dessa moeda. O resultado é uma empresa com foco, certeza do que quer e pronta pra finalizar a linha de produtos de mercado.
Pedais & Efeitos: A GPC é a empresa que eu conheço que mantém um relacionamento mais próximo com seus clientes. Como essa relação (ou retroalimentação se assim posso considerar) funciona para vocês? A voz do cliente, na prática, faz diferença nas estratégias da empresa?
Ziller: totalmente e exageradamente. Não há empresa sem vendas, e vendas é igual a ter clientes, ter um ser humano na outra ponta com sonhos, cotidiano, ansiedades, vitórias e derrotas etc. Nosso maior legado não é a marca, não é o Viralata, o Gamba, o Hot Dog e agora o Toro, mas nossa comunidade de proprietários e clientes. No projeto do novo amplificador, o Toro, alguns insights vieram dessa comunidade. E esperamos que continue assim, costumo dizer que o coletivo sempre faz melhor que o individual!
Pedais & Efeitos: Vocês estão se preparando para dar o maior salto da empresa, num projeto audacioso e não explorado por fabricantes de equipamentos musicais em terras tupiniquins. Antes de entrarmos no projeto em si, o quanto de planejamento e conversas internas vocês tiveram para dar esse passo, ou na sua opinião foi um processo natural devido ao amadurecimento do negócio?
Ziller: concordo contigo, é um amadurecimento do negócio como um todo, que envolve amadurecimento pessoal de cada sócio, da comunidade, como falei na pergunta anterior, e da segurança nos projetos. Para criar um novo projeto levamos cerca de oito meses só em discussões gerais, para então seguirmos com algum protótipo. Na Gato sempre tentamos criar amplificadores especiais, construídos com extremo cuidado e com sonoridade única. O marco principal para cada amp é um super timbre, que permeia nosso DNA. A partir daí pensamos em resolver um problema e cada amp tem seu público alvo. O Viralata é puro, tem alma vintage, o amp que todo bluseiro adoraria ter. O Hotdog é pau pra toda obra, fácil de levar para lá e pra cá, alia portabilidade ao verdadeiro som valvulado. Especial para o guitarrista que quer estudar, se divertir na gig ou com amigos, ou ainda usa-lo em estúdio. O Gamba por sua vez é um amplificador potente, mas com timbre cristalino, inclusive em altos volumes, features extras, como por exemplo, o loop de efeitos. É natural que a gente queira subir mais e mais, sempre com respeito aos nossos princípios.
Pedais & Efeitos: Vocês optaram por um sistema de crowdfunding (Financiamento Coletivo) para dar início a uma fase da empresa. Porque optaram por esse modelo? Era a única forma ou a filosofia da Gato (tanto econômica como conceitual) pedia um processo diferenciado?
Ziller: vou antecipar pra vocês nosso grande sonho, queremos montar uma fábrica nos EUA! Porque não dá mais no Brasil, por causa da crise, etc? Não, nada disso. Somos uma empresa brasileira, feita por brasileiros. E por isso nosso sonho grande é ter essa empresa respeitada e reconhecida no mundo todo, com produtos de classe mundial. Outro dia recebemos um e-mail do Phil, técnico chefe de Abbey Road em Londres, copio um trecho aqui: Hello from England! My name is Phil and I’m a technician at Abbey Road Studios. I’m writing to you regarding the Straycat amplifier you generously donated to us – it’s very popular with our engineers in the studios! Esse tipo de retorno não tem preço pra gente. Bom, tudo isso pra falar que tínhamos outra opção para o Toro, que seria financiamento em bancos ou de terceiros, mas fazer isso agora é antecipar uma rodada importante para montagem da fábrica lá fora. O financiamento coletivo nos pareceu uma ferramenta excelente para uma comunidade madura como a nossa.
Pedais & Efeitos: A estrela dessa campanha de crowdfunding é o Toro, novo amplificador da Gato Preto Classics. O que ele trás de novo e diferente se compararmos aos outros amplificadores de vocês? Qual a característica principal do amplificador?
Ziller: nada mais natural do que dar o próximo passo na cadeia evolutiva dos produtos GPC e lançar o Toro. Sabe aquela imagem mítica do guitarrista com uma parede de amplificadores? É este o tipo de som que o Toro muge. Um amplificador sério, potente, que possui dois canais totalmente independentes, indo de um clean cristalino recheado de harmônicos, passando por um crunch no melhor estilo blues-rock e chegando até a uma distorção bastante nervosa, marcada pelas grandes bandas de rock e hard-rock dos anos 70, 80 e parte dos 90. Acompanha o pacote um trabalho primoroso no loop de efeitos, equalização de 3 vias, controles de ganho independentes por canal, volume master e presence.
Pedais & Efeitos: Outro objetivo em vista é inicializar o processo de internacionalização da GPC. O que vocês estão esperando desse processo? O primeiro mercado em vista é o americano?
Ziller: falei um pouquinho disso. Sim, o primeiro mercado é o americano. Lá a concorrência é brutal, cruel e pode ser aniquiladora. Em contrapartida o mercado é gigante e muito aberto a produtos novos e justos no preço x qualidade. Estamos estudando os EUA há quase três anos, e certamente teremos novidades em 2017.
Pedais & Efeitos: Alem do Toro e da Internacionalização, vocês pretendem reformular a linha atual? Como se dará essa reformulação?
Ziller: sim. Teremos os produtos de mercado (linha) e os produtos Heritage(customizados). No primeiro entram o Hot Dog, o Toro e mais 4 projetos. No segundo entram o novo Gamba e um outro amplificador baseado no circuito do Viralata. Não será o Viralata em si, pois ele foi feito em série limitada, mas trará parte da alma de nosso primeiro amp. Não vamos ter um cardápio de restaurante brasileiro com 50 pratos, não é nossa intenção. Vamos ter 10 projetos robustos que atendam todos os gostos, inclusive um estéreo valvulado. Sou maluco por vinil, esse foi um pedido especial meu pra engenharia.
Pedais & Efeitos: Esse sem dúvida é o projeto mais ousado de vocês. Como estão os nervos?
Ziller: é o mais ousado e mais atrevido. Estipulamos uma meta de captação (vendas) de 90 mil reais em dois meses de crowdfunding. Não será fácil, mas temos muitas ações até lá, pra envolver a comunidade e trazer mais clientes da GPC pra dentro. Acredito nesse poder de fogo dos nossos amigos e parceiros. Como diria o poeta, retroceder nunca render-se jamais!
Pedais & Efeitos: O Marcão vai puxar minha orelha por te perguntar isso (e eu nem sei se você pode responder), mas além do Toro, tem outras novidades previstas para a GPC?
Ziller: agora não tem volta, já soltei um pouco nas respostas anteriores né? Bom, posso dizer que teremos um estéreo pra quem gosta de ouvir um bom vinil ou até mesmo música em casa. E o restante da linha pra guitarra. Talvez um para baixo (grande desafio). Já falei muito né?
Pedais & Efeitos: Ziller, obrigado pelo tempo disponibilizado e por essa entrevista. Gostaria de deixar algum recado para os nossos leitores?
Ziller: quero agradecer. Não canso de agradecer o retorno positivo que recebemos de todos. Só nos dá força pra seguir em frente! Sempre em frente! Quero também mandar um abraço a todas as empresas e pessoas que participaram do projeto do Toro, conto por baixo umas 25 cabeças envolvidas. Olha o coletivo aí! E por último deixar uma mensagem de que há espaço para todo mundo no mercado e que é importante reconhecer os produtores nacionais. Entre comprar um produto gringo e um brasileiro, eu não tenho dúvidas, compro o brasileiro!